quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

História da Igreja Católica - continuação

2. O Messias
Nazaré era apenas uma pequena povoação, uma aldeia entre tantas outras da região da Galiléia. Quem passasse por ali veria um ajuntamento desordenado de casas em uma encosta rochosa, com uma fonte nas proximidades, cuja água havia atraído seus primeiros habitantes.

Nazaré não tinha boa fama. Ainda hoje existe um ditado na Palestina que diz: "A quem Deus quer castigar, com uma nazarena o faz casar". E Natanael, ao saber que Jesus era de lá, perguntou a Filipe: "De Nazaré pode vir algo bom?".

Neste lugar desprezado por todos vivia uma jovem, desposada por um carpinteiro chamado José. Embora provavelmente não chamasse a atenção, a não ser por sua profunda piedade, fé e pureza de coração, tinha sido ela a escolhida, a eleita de Deus para ser a Mãe do Messias. O salvador esperado por Israel e profetizado nas Escrituras, que libertaria o povo da opressão e implantaria um Reino maior que o de David.

Maria, a cheia de graça, soube por um anjo qual era a decisão de Deus... e disse sim.
Adotado por José, Jesus nasceu em Belém, na Judéia, talvez entre os anos 6 e 7 antes da nossa era (outros situam o seu nascimento entre 4 e 5 a.C. - há controvérsias; o monge sírio Dionísio, o Pequeno, no séc. VI, cometeu um erro na hora de fixar a divisão em a.C. e d.C., adiantando a data do nascimento de Jesus em alguns anos). Durante trinta anos viveu "escondido". Ajudava o pai e a mãe, cuidava de tarefas domésticas, estudava a Torá, aprendia o ofício de carpinteiro, "crescia em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e diante dos homens" (Lc 2,52).
Um dia, arrumou suas ferramentas, despediu-se de sua mãe, e partiu rumo ao rio Jordão, onde seu primo, João Batista, pregava e batizava.

Depois de ser batizado e de passar algum tempo no deserto, Jesus dá início ao seu ministério público. Escolhe doze apóstolos - os fundamentos de sua Igreja, entre os quais se destacam Pedro, Tiago e João. Atravessa a Palestina várias vezes realizando milagres e pregando o Reino de Deus. Boa parte dos seus ensinamentos são proferidos na Galiléia: a oração do Pai Nosso, as bem-aventuranças, o anúncio da paixão... Sua visão da Lei e seu modo de agir incomodam os responsáveis pela religião oficial que começam a tramar meios para eliminá-lo. O modo como se relaciona com Deus - seu Pai, e a afirmação velada de sua divindade, eram intoleráveis para os fariseus e os escribas.

No final do ano 29, Jesus desce lentamente para Jerusalém. Sabe que sua hora está próxima. A festa do domingo de Ramos é logo sucedida pela prisão, pelo processo diante de Pôncio Pilatos, procurador romano, e pela condenação à morte na cruz.

Provavelmente no dia 14 de Nisã do ano 30, ou 7 de abril no nosso calendário, uma sexta-feira, Jesus de Nazaré morre crucificado juntamente com dois ladrões. No madeiro, uma placa com a inscrição: Jesus de Nazaré, rei dos Judeus, escrita em hebraico, grego e latim. Ao pé da cruz, estavam um grupo de mulheres, incluindo sua mãe, e um discípulo. Depois do suplício, o corpo de Jesus é colocado por alguns seguidores em um sepulcro ali perto. Tudo parecia terminado.
É fácil aceitar que Jesus morreu. Mas sua ressurreição é algo que escandaliza, que parece ferir o bom senso e a razão. No entanto, é exatamente isto que os apóstolos testemunharam três dias depois do "desastre" em Jerusalém. Jesus ressuscitou, ele vive! A ressurreição é o fulcro, a base de toda a fé cristã: "...se Cristo não ressuscitou, ilusória é a vossa fé..." (1Cor 15,17).
Jesus apareceu várias vezes aos apóstolos. Deixou-lhes instruções, preparou-os mais um pouco para o que viria a seguir. Quarenta dias depois da Páscoa, "subiu aos Céus", não sem antes prometer outro Paráclito para conduzir a sua Igreja.


Fonte: http://www.bibliacatolica.com.br/historia_igreja.php

História da Igreja Católica

A Igreja, que é "a coluna e sustentáculo da verdade" (1Tm 3,15), guarda fielmente a fé uma vez por todas confiada aos santos (Cf. Jd 1,3). É ela que conserva a memória das Palavras de Cristo, é ela que transmite de geração em geração a confissão de fé dos apóstolos. Como uma mãe que ensina seus filhos a falar e, com isso, a compreender e a comunicar, a Igreja, nossa Mãe, nos ensina a linguagem da fé para introduzir-nos na compreensão e na vida da fé. (Catecismo da Igreja Católica)

História da Igreja Católica

1. O terreno onde a semente foi plantada Há quase dois mil anos, o mundo mediterrâneo era controlado por Roma. O Grande Império se estendia da Síria até Portugal, das Ilhas Britânicas até o Egito. Fundado pelo gênio de Otávio Augusto, que soube concentrar em suas mãos o poder sem destruir as aparências da República, o Império vivia, no início da nossa era, um período de paz e prosperidade (Pax Romana).

O helenismo, a influência dos costumes e do pensamento gregos sobre o mundo mediterrâneo, estimulava o gosto pelas coisas espirituais (estoicismo, platonismo). Uma grande efervescência religiosa atingia todas as camadas da sociedade. O panteão romano, retocado pelo Olimpo grego, conservava seu prestígio e contava com inúmeros fiéis devotos. Mas existiam outras correntes se desenvolvendo. Pregadores anunciavam seus deuses em cada canto do Império. Vindos do Egito, através de Alexandria, chegavam os mistérios de Ísis e de Serápis. Os fenícios adoravam seus baalins. Em Roma, havia o culto sensual da deusa Cibele, mãe de Pessinonte. O orfismo afirmava a existência de mediadores entre Deus e os homens - para os pitagóricos, um Logos. As almas mais inquietas e sedentas de eternidade se voltavam para Mitra, o deus-sol dos arianos, cujo culto se fortalecia com a astrolatria caldéia. Uma enorme diversidade de sincretismos e superstições pululava por toda a parte.

Trazido do Oriente, desenvolvido pelos sucessores de Alexandre Magno, o culto ao soberano se implantou no Império. Quando morria um imperador, logo surgia um culto oficial à sua divindade. Nas províncias orientais, o imperador era adorado ainda em vida.

No meio dessa babel de crenças, um povo fazia questão de manter-se fiel a um só Deus, fugindo de toda contaminação pagã. Na Diáspora ou na Palestina, o pequeno povo de Israel jamais havia esquecido a fé dos antepassados, Abraão, Isaac e Jacó, e de como Yahweh os tinha libertado da escravidão no Egito. Tinha consciência do seu status superior, de ser uma raça escolhida e predestinada por Deus, herdeira das promessas divinas.

Entre Yahweh e o seu povo havia um laço, a Torá, a Lei que Moisés recebera no monte Sinai e que tinha de ser observada zelosamente. A Lei era uma coletânea de preceitos éticos e religiosos fixados em um conjunto de cinco livros sagrados, o Pentateuco. Ao lado do Pentateuco existiam outros livros, de cunho histórico, profético, poético, salmos... A sua coleção formava as Escrituras Sagradas do judaísmo.

Na época de Jesus ainda não havia um cânone fixo das Escrituras. Só depois, no final do século III, surgirá uma definição mais rigorosa. Ao lado dos livros, havia entre os judeus uma tradição oral, transmitida de pai para filho. O sinédrio, tendo a frente o sumo sacerdote, e os escribas, era o responsável pela guarda da Lei. Jerusalém, a cidade sagrada, e seu templo, eram o centro da religiosidade dos judeus.

Fora da Palestina, o judaísmo alexandrino começava a assimilar elementos do platonismo e do estoicismo. Fílon de Alexandria (13 a.C. a 54 d.C.) construiu um sofisticado sistema teológico e filosófico que integrava as Escrituras com certas correntes do pensamento grego. Tal movimento influenciava profundamente as comunidades judias da Diáspora e preparava o caminho para o desenvolvimento da teologia cristã.

Na Terra Santa, qualquer tentativa de assimilação com o helenismo era fortemente repelida. Antíoco Epífanes teve a ousadia de colocar um Júpiter olímpico no templo de Jerusalém e por isto enfrentou a ira dos Macabeus. Uma verdadeira guerra santa. Mesmo quando Roma reduziu Israel à condição de simples vassalo, o povo de Deus se apegou mais ainda à fé de seus pais e se uniu aos fariseus, sucessores dos piedosos (hasidim) da época dos Macabeus.

Os fariseus tinham uma espiritualidade centrada na meditação e no cumprimento da Torá. Para eles o pai judeu que ensinasse grego ao seu filho era maldito. Impunham uma rígida observância do Sábado. Cuidavam para que os menores mandamentos fossem sempre respeitados. Acreditavam na imortalidade da alma, na ressurreição, na existência de anjos, contrariando os ensinamentos dos saduceus, os quais só reconheciam o Pentateuco.

Os zelotas, rebeldes que combatiam a dominação romana pela luta armada, encarnavam o nacionalismo judeu em sua forma mais fanática e intransigente. Os essênios, segundo Flávio Josefo, se estabeleciam em várias cidades e eram numerosos. A comunidade essênia de Qumrã se diferenciava por seu estilo de vida cenobítico. Os Manuscritos do Mar Morto, encontrados recentemente, nos deram mais informações sobre este grupo em particular.

"Quando, porém, chegou a plenitude do tempo, enviou Deus o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sob a Lei..." (Gl4,4).

Fonte:
http://www.bibliacatolica.com.br/historia_igreja.php